quarta-feira, abril 11, 2007

Estes são os momentos,
em
que te sinto...
em que te toco...


Já há dois meses que não estávamos juntos.
Durante todo este tempo tiveste uns dias ausentes e por alguns momentos tive medo de te ter perdido...

Estive disposta a ir ter contigo, olhar-te no olhos e perguntar-te se esse teu estar ausente e frio também chegava até mim...
Depois perguntei-te directamente, tu disseste que era com situação x e y... e decidi aguardar pelo dia de hoje... ansiosamente...

6:45 da manhã... ligo o carro... o desembaciador... e arranco.
Hoje decidi que não iria acelarar.
Tu foste multado mais uma vez e, até hoje não sei como ainda não me apareceu nenhuma multa em casa de cada vez que vou por aí acima... na tua direcção.

Mais do que nunca acredito naquilo que sempre disse...
"a pressa ou o vagar da condução é justificada pela vontade de se chegar ao destino..."

Estava frio... muito frio... já era de dia... um dia cinzento...

Nunca sei o que penso pelo caminho, mas tenho sempre uma sensação contrária à do regresso...
À ida sinto um nervoso miúdinho, e quando chego a Coimbra antes de voltar ao estádio a rotina passa sempre pelo retrovisor. Verifico se não estou mais despenteada do que o normal e abro a janela, porque o ar quente do carro deixa-me sempre mais rubia do que o normal..
Nos semáferos a senhora do "Metro" oferece-me mais um jornal e nesse momento tu ligas...
8:47h
- Bom dia, Gaija... onde é que andas?!

- Estou a passar Leiria, atrasei-me um bocadinho...
- A sério?! Estás a brincar...
- A sério... mas não saias daí!
- Andas a falhar muito ultimamente... até já!

Eu rio-me, mas fico a pensar nisto...
"Eu, a falhar muito?! Ultimamente?!"

Sem me enganar desta vez na entrada da rotunda, chego ao ponto de encontro do costume.
5 minutos após a chamada.. 8 de atraso do previsto.. e tu já não estás!
Ligo-te...
Enquanto dou a volta com o carro, tu apareces sem atender o telemóvel... e com aquele teu enorme sorriso! Não sei se por me veres ou por constatares que afinal não vais ter que levar uma seca enorme, À minha espera... Rs
(Adoro o teu sorrir... este meiguinho, de saudades... )

Eu finjo que vou contra ti com o carro, e quando vou para estacionar ao teu lado, quase bato com a traseira no muro. Tu não acreditas no que estás a ver, e sais cá para fora. Não páras de dizer "Gaija, nem um fio de cabelo cabe ali... ". Claro que eu digo que foi de propósito.. foi tudo calculado. E tu abraças-me, beijas-me... e hoje sem saltos, estás tão alto...
E sabe-me tão bem estar assim... simplesmente assim... nos teus braços no meio de tudo... de todos... dum parque de estacionamento... ser beijada à luz do dia com o frio e o vento e o ar que não é condicionado...
Seguimos no teu carro até ao sitio do costume. O carro arranca e, nem 2 minutos depois estamos a conversar sobre o jogo que nos rouba todo o tempo de momento... até que chegamos.
Tu páras à entrada da garagem e mesmo com o motor ligado sais, pegas no BI e vais perguntar se há vagas..
Eu preciso dum café e é mesmo ali na recepção que bebemos.

Desta vez não há vista... mas, para quê?! Não fumadores! A decoração do costume... a luz apagada, a cortina corrida.
(E... tu gostas das minhas botas com atacadores, fechos, de pele preta!)
...
Não sei qual foi o momento em que algo aconteceu e ficaste triste. Erradamente chegaste à conclusão de que já não gosto tanto de ti. O motivo seria por não me dares tanta atenção ultimamente. Ficaste caladinho e triste e em silêncio. E mesmo quando eu tentava demonstrar-te de todas as formas que estavas errado, mandaste-me parar. E eu parei. Fui tomar banho, e quando voltei continuavas assim... foste para a casa de banho, e demoraste tanto tempo que fiquei preocupada. Bati à porta, e tu disseste que estava tudo bem.

Voltaste... e o silêncio permaneceu.
Continuo a achar que tu és um livrinho de surpresas e que nem a meio cheguei. Adoro descobrir-te e, a cada página.. a cada episódio surpreendes-me. Hoje tinha sido a conversa sobre a primeira vez... "Aos onze?! Ninguém perde a virgindade aos onze!! ... Hum?! Com a...?! Eu não acredito!".
Tu insistias "Fui violado! Mas toda a minha adolescência passei por situações destas... ", e rias-te.
Eu nem sabia o que pensar, mas só me apetecia rir também...

Fiquei sem perceber o porquê de te sentires assim...
Eu estava cheia de saudades tuas e, nem por um momento senti e sinto que gosto menos de ti, um bocadinho que seja... nem tão pouco me faz sentido a música que tu tanto gostas da Nelly Furtado..
"Porque é que gostas de mim", perguntaste-me tu...

Desisti dos almoços no restaurante ao lado, onde está o senhor do guardanapo ao pescoço, os empregados que não param de olhar para os decotes, a televisão que por vezes é mais o centro das atenções do que eu... e o jornal que me faz pensar que até as letras garrafais demoram muito tempo a ler.. Rs... E quero experimentar coisas novas.. restaurantes novos... comida diferente... contigo.

No meio das ruelas habituais, passamos por um com ar de Tasco e com um pátio.
Lembrava-me de já ali ter comido há muitos anos e de ter gostado...
A hesitação do costume e, eu entrei.

Estava quase cheio. Tive a sensação de que deslizávamos no restaurante por entre as mesas, da confusão e do barulho. Eu sempre atrás de ti...
Quis ir para aquele canto, encostada à parede. Com a minha pontaria estava prestes a sentar-me perto da casa de banho, mas tu... tu deslizaste as tuas mãos pela minha cintura e segui-te até duas mesas à frente.

O empregado não tinha nada ali, só o patrão... e então, do patrão veio um entrecosto para ti e uma 1/2 de frango no churrasco, que era uma dose...
... e o vinho... o VINHO!!!
Uma garrafa de 75cl de vinho tinto da casa.. sem rótulos.. carrascão! Tu franziste a sobrancelha ao primeiro golo enquanto que eu... "... desde que não saiba a rolha, escorrega tudo!" Rs
A meio do segundo copo já comíamos com as mãos, roíamos ossos, roubavas-me as batatas com as mãos... As mãos que estavam todas sujas! As minhas pernas cruzadas, estavam encostadas ás tuas e tu nem deste por isso... (nem eu, a principio... mas sabia-me bem... sentir-te tão perto de mim!)
Enquanto tu estavas fascinado com um senhor que entrou para a casa de banho das senhoras e duma velhota estar escandalizada cá fora... eu olhava para ti. Para as tuas expressões que, ao telemóvel nunca consigo ver... (entretanto o senhor saiu, e vinha com uma bolsa na mão... tu disseste que tinha ido lavar a dentadura! Rs)
Falavas.. falavas... falavas... e de repente apeteceu-me tanto beijar-te... e... não resisti!
Tu paraste por momentos... Ficaste a olhar para mim surpreendido, sorriste e continuaste no relato do velhote, como se nada tivesse acontecido. E eu ri-me, e não te disse o quão bem me soube o sabor dos teus lábios que sabiam a vinho e a grelhados... Rs

Nesta altura, ainda havia vinho na garrafa... e tu dizias que já estavas com os copos. Pois para mim, isso não era problema. Eu acabava com o resto e depois acabava contigo, pensei! (pensamento de quem já não está muito bem... Rs)
Quando me levantei senti finalmente o efeito do vinho.. devagarinho levantei-me enquanto tu foste pagar. Tinha a esperança que tu não reparasses nos meus passos enquanto me dirigia para a rua, mas quando dei por ti já estavas atrás de mim, e afirmaste... "Oh gaija, calma... nunca te vi a andar tão depressa!". E eu, com a sensação que estava em slowmotion...
Nas ruelas, expliquei-te na prática como gosto de andar de braço dado quando estou assim... mas só por um segundo. Quis falar-te de xuxus para substituir as batatas e só me saiam chu-chus.. Rs
Quando chegámos ao espaço internet estava fechado até ás 15... e, nem hesitamos... regressamos para o hotel.
Subimos...

O ar pesado e sufocante que ficara no quarto quando saímos para almoçar tinha desaparecido...
Despi-mo-nos depressa, e eu acabei com o que restava da "garrafa"! E bebi, e saboreei... e olhei para os teus pés que se controciam... e queria mais... e como se de um copo se tratasse brinquei com a língua de todas as formas... e não me apeteceu parar... e nunca me soube tão bem...
Sem parar tu mudaste de posição e retribuíste.. e também tu ainda devias de ter sede...
E levaste-me à Lua, como me tinhas prometido... mas eu fui até não sei onde contigo...
E se há momentos em que o tempo pára para os dois.. esse foi um dos momentos.

Deitados lado a lado, frente a frente eu continuava a sentir os pirlimpimpis...
Enquanto tu tentavas dormir, comecei a fazer-te festas no cabelo, nos ombros e com pequenos toques de dedos fui percorrendo as tuas costas... voltei aos ombros... e segui para as tuas mãos.
Tu pensaste que eram massagens, mas não eram. Foi simplesmente deixar que as minhas mãos brincassem com o teu corpo, sem que a mente as comandasse...
(e só hoje, no dia seguinte soube que esse foi para ti o melhor momento do dia.. Rs)

O regresso até à recepção... a descida até à garagem... a sensação de que te tinham roubado a antena do carro... a chegada ao "porto" de chegada e de partida...
... todos estes momentos que já fazem parte do ritual da contagem decrescente, fazem com que parta sempre com mais saudades tuas e com o coração mais cheio...
(A despedida contigo a dizer "beijo, beijo.. beijo.. ... ... !")

...

Ainda é de dia... faço a viagem devagarinho e sem pressas. Não estou de ressaca, pelo contrário... Tenho a sensação que saí dum SPA e que me apaixonei pelo terapeuta! Rs
Páro em Santarém para abastecer o carro, beber um café, comer uma empada...
Fico a pensar porque será que não me ligaste...

Não sei o que te passa pela cabeça em momentos como os de hoje de manhã. Não sei porque é suposto a média ser 3 de manhã e 2 à tarde... (já foram mais.. hoje foram menos... )
Sei sim que todos os momentos passados contigo são especiais, que te adoro e que te amo, acima de tudo pelos pormenorzinhos que nem tu te dás conta... como o de à descida para a garagem, nas escadas desviares o meu cabelo e por um segundo olhares para mim só porque... nem eu sei. São todos estes momentos, as expressões que me prendem a ti... És tu, tão diferente e tão igual a mim...
Gosto de ti por tanta coisa. Até pelos teus defeitos, pela tua casmurrice... Gosto de ti por seres puro e verdadeiro, por seres um puto a jogar OG e um homem quando um dia me disseste que gostavas de ter um filho meu... gosto tanto de ti, mas prefiro viver e não pensar nos porquês...

Sei que a paixão está acesa... sei que ainda nos faltam muitos kilometros até nos esgotarmos..
Sei que arriscamos e que num mundo só nosso, somos felizes...
Sei que me fazes bem... sei que existes na minha vida e sem ti...
... Sei que se não estivesses, fazias-me falta!

É que tu não sabes, mas és o meu segredo...