sexta-feira, dezembro 01, 2006




"Estou cansada. Reli o que escrevi até agora com uma certa ansiedade. Perceberás alguma coisa? Tenho muitas coisas apinhadas dentro da cabeça; para saírem, empurram-se umas às outras, como as senhoras na altura dos saldos. Quando raciocino, nunca consigo ter um método, um fio que se vai desenrolando logicamente do príncipio até ao fim. Às vezes, penso que é por nunca ter andado na Universidade. Li muitos livros, interessei-me por muitas coisas, mas sempre a pensar nas fraldas, no fogão, nos sentimentos. Um botânico que passeie por um prado escolhe flores com uma ordem precisa, sabe o que lhe interessa e o que não lhe interessa; decide, elimina, estabelece relações. Mas se é um turista que passeia pelo prado, as flores são escolhidas de modo diferente, uma porque é amarela, outra porque é azul, outra porque é perfumada, e outra ainda porque está à beira do caminho. Acho que a minha relação com o saber foi assim... "
Vai aonde te leva o coração, Susanna Tamaro